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quinta-feira, 27 de janeiro de 2022

Estudo da Parashá Vayishlách (E enviou)

 

Estudos da Torá


Parashá nº 8 – Vayishlách (E enviou)

Bereshit/Gênesis Gn. 32:3 – 36:43

Haftará (separação) Ob 1:1-21 e

B’rit Hadashah (nova aliança) Mt 26:36-46


1 - INTRODUÇÃO

Após termos lido uma seleção do texto, inicialmente, vejamos um rápido resumo dessa porção semanal. A parashá inicia com o encontro de Yaacov com seu irmão Esav, e todo o drama que esse encontro trouxe. A luta do patriarca com o mensageiro de Adonai e seu novo nome.

Esav vai para um lado e Yaacov para outro.

Uma nova crise ocorre na vida do patriarca quando Diná é estuprada por Siquém, o príncipe de uma cidade do mesmo nome. Os filhos de Yaacov sentem-se ultrajados e orquestram uma vingança matando todos os homens da cidade, depois de enganá-los e fazerem se circuncidarem.

Raquel morre ao dar a luz a Benjamim, o décimo segundo filho de Yaacov, que retorna para seu pai Isaque. Este morre com 180 anos, conforme vemos em Gn 35.28,29. E a parashá termina com a genealogia de Esav.

Yaakov e Esav apesar de serem irmãos gêmeos eram diferentes na aparência e no comportamento, conforme vimos na parashá passada. Desde o ventre de sua mãe eles viviam em combate, e depois do problema da benção que Yaakov tomou de Esav e da consequente separação que enfrentaram, agora a Torá descreve para nós o reencontro deles após muitos anos. E nessa descrição, faz um clima de suspense. Porém, lendo as Escrituras vemos a palavra que HaShem disse a Rebeca em Gn 25.23 a respeito de seus filhos se cumprindo através da história de Israel e Edom, e a Haftará em Obadias nos confirma isso. Vejamos o que esta parashá reserva de instrução para nós.


2 – ESTUDO DAS PALAVRAS

Na última parashá que estudamos, em Gn 31:2 vimos o Eterno falando para Yaacov (Yaakov) voltar para a terra de seus pais e para seus parentes, pois seria com ele. Então o patriarca pega sua família e todos os seus bens e inicia a caminhada, mas ele sai sem falar com seu sogro Lavan (Labão), pois temia que seu sogro o impedisse. Este no entanto, quando descobriu foi atrás e o alcançou, e lemos que houve paz entre eles.

Após a despedida de Lavan e sua partida de volta para Charam (Harã), Iacov tem mais uma experiência com D'us, vendo anjos (mensageiros) de Elohim em seu acampamento v. 3, e ele chama aquele lugar de Machanáim (Maanaim).

A parashá dessa semana inicia no verso 3(4) com Yaacov voltando-se para uma realidade dura de sua vida. Ele estava próximo de encontrar-se com Esav, e não sabia como seu irmão iria se comportar ao vê-lo. Essa realidade o consumia com temor e angústia v. 8, levando-o a "vayislach - e enviou". Ele envia mensageiros (anjos) até seu irmão, com o intuito de sondar e ver como o receberia. E aqui a Torá quer nos ensinar que em meio às nossas lutas precisamos enviar mensageiros, ou seja, observar as coisas ao nosso redor, para que estejamos cientes da realidade, mas não devemos nos esquecer jamais, que antes disso, ele também presenciou mensageiros (anjos) em seu acampamento, pois Elohim sempre está com aqueles que lhe obedecem. Mesmo que aqueles não fossem seres celestiais, a presença de Elohim está com aqueles que levam seu nome e mensagem. Com isso, vimos que Yaacov estava voltando em obediência ao Senhor, cumprindo sua plena vontade.

A respeito desse retorno à sua terra e ao seu irmão, vejamos o que Avi Lowenstein, escreveu para o site Chabad.org.

Esse autor diz que após fugir da Terra de Israel e de Esav, seu irmão sedento de sangue, Yaacov luta para criar a família em meio às fraudulentas atividades de Laban (Labão). Então, em seu caminho de volta para Israel, Yaacov deve mais uma vez encontrar seu sinistro irmão.

Preparando-se para a confrontação, Yaacov reza a D'us: "Por favor, salve-me das mãos de meu irmão, da mão de Esav, pois tenho medo dele" Bereshit 32:12.

A pergunta que o autor faz é: Qual o significado desta prece? Yaacov tinha apenas um irmão; não seria suficiente pedir salvação apenas "de meu irmão" ou de "Esav"? Por que Yaacov foi tão específico?

Então, o autor explica que, o Beis HaLevi explica que Yaacov antecipou dois possíveis perigos em enfrentar Esav. Naturalmente havia o temor de que Esav ainda quisesse vingança, e que ele estava planejando um ataque militar, com todo o exército que trouxera com ele. Para esta eventualidade, Yaacov pediu a D'us que o salvasse "da mão de Esav". Apesar disso, Yaacov estava mais preocupado com a outra possibilidade. Havia uma chance de que, após todos aqueles anos, Esav tivesse decidido viver em paz com o irmão e estava vindo para saudá-lo com um grande comitê de recepção. Embora na superfície isso parecesse ser apenas uma ameaça, Yaacov percebeu o extremo perigo que havia nessa possibilidade. Agindo de maneira fraterna e mantendo sempre contacto, Esav pôde sutilmente entrelaçar seus "valores" com aqueles de Yaacov, que havia tão cuidadosamente inculcado os valores e a moral da Torá em si mesmo e na família. Em resposta à essa ameaça, Yaacov rezou também "salve-me da mão de meu irmão".

Os valores de Esav são diametralmente opostas àqueles de Yaacov e do povo Israel. Enquanto Esav dirige seus esforços às conquistas mundanas, Yaacov acredita que "Este mundo é como um vestíbulo para o Mundo Vindouro" (Pirkê Avot 4:21). Quando Esav e Yaacov tornam-se fraternos demais, os valores de Yaacov tornam-se diluídos e distorcidos pelos tentadores valores de Esav.

Ainda segundo o autor, o resultado é perfeitamente claro para nós em nossa época, quando vemos o povo judeu vivenciando uma séria crise de identidade, e sofrendo o flagelo do casamento misto. No Holocausto, sentimos a tremenda força da mão "violenta" de Esav; agora parece que estamos sendo vitimados pela mão "fraterna."

Neste ponto, de acordo com o artigo, devemos nos perguntar o que podemos fazer a respeito dessa situação. Para responder esta questão, mais uma vez observamos as ações de Yaacov como descritas na porção desta semana da Torá. Quando terminou o confronto, Esav voltou para casa na terra de Seir e Yaacov foi a um lugar chamado Sucot.

A Torá relata que Yaacov "construiu uma casa para si, e para o gado fez cabanas; por isso deu ao lugar o nome de Sucot (cabanas) (Bereshit 33:17).

Pergunta-se: Por que Yaacov deu a este lugar o nome das cabanas que havia feito para o rebanho – não teria sido mais apropriado dar-lhe o nome baseado na moradia mais substancial que construíra para a família?

A resposta, segundo o site, é simples. Após encontrar-se com Esav, alguém que acreditava que o principal objetivo desta vida era amealhar bens materiais, Yaacov desejava criar um lembrete de que a vida é transitória e que a aquisição de fortuna material não é o verdadeiro propósito da vida. Por isso, deu ao lugar o nome das cabanas temporárias que fez para seus animais.

A lição que nos fica das ações de Yaacov é que em nosso tempo, quando estamos tão expostos aos valores de Esav, devemos nos assegurar de que não esqueceremos quais são nossos valores. A única maneira de atingir isso é reforçando nosso conhecimento e nosso compromisso, algo que só pode ser conquistado através do estudo de Torá. Ao qual, eu acrescento, deve ser acompanhado de uma vida prática do que se aprende, assim como Yaakov e também nosso messias Yeshua.

Porém, como sempre, nada é fácil, e a Torá nos mostra isso para que possamos sempre saber como agir. Os servos que Yaacov havia enviado, retornam informando que Esav estava vindo em sua direção acompanhado de 400 homens. Para Yaacov isso não representou algo bom, o que aumentou ainda mais o temor e a angústia. Se pararmos pra pensar bem, o temor é justificável. Talvez Yaakov estivesse pensando: Para quê trazer consigo tantos homens? O patriarca age em primeiro lugar de forma meramente humana. Por causa do medo divide o povo que estava com ele em dois grupos, a fim de protegê-los, pois pensava que se seu irmão viesse e atacasse um grupo escaparia com vida. Somente depois é que ele ora ao Eterno v. 10 a 13.

Ainda falando sobre oração de Yaakov nos versos 9 a 12, vejamos mais algumas coisas importantes, que encontramos no site Emunah a fé dos santos.

A oração de Yaakov, de acordo com o site, baseia-se em três coisas fundamentais:

1) Confiança nas promessas – “que me disseste/pois tu mesmo disseste”;

2- Humildade – “não sou digno”;

3- Sinceridade – “porque eu o temo”.

O estudo no referido site nos diz que era a hora da verdade, pois Esav tinha poder e desejo de o matar. A razão pela qual Yaakov voltou à terra prometida, foi por que o Eterno lhe ordenou.

Yaakov não podia confiar na sua própria força nem nos seus próprios méritos, sim apenas na misericórdia e nas promessas do Eterno para a sua vida. Tampouco escondia o seu medo. Em plena sinceridade mostrou aquilo que sentia, sem fingir, sem aparentar algo que não era.

Ensina-se no seio de vários grupos cristãos, que só há que confessar a Palavra a toda a hora e não falar do negativo em nenhum momento para poder ganhar e ter êxito em todas as circunstâncias.

É de fato importante confessar a Palavra a todo o momento, mas também é importante trazer a verdade das coisas negativas que existem, ou seja, reconhecer, e sermos sinceros diante do Eterno.

O Eterno aprecia mais a nossa sinceridade do que a fé fingida, como lemos em 1 Timóteo 1:5-6:


Mas o propósito desta admoestação é o amor que procede de um coração puro, de uma boa consciência, e de uma fé não fingida; das quais coisas alguns se desviaram, e se entregaram a discursos vãos,”

Também em 2 Timóteo 1:5-6:


trazendo à memória a fé não fingida que há em ti, a qual habitou primeiro em tua avó Loide, e em tua mãe Eunice e estou certo de que também habita em ti.”


Não vale a pena fingirmos perante o Eterno. Se temos medo, é melhor não o ocultar, mas sim sermos sinceros diante dEle e contar-lhe tudo. Na luz está a força e na verdade está a vitória. Nos momentos críticos em nossas vidas não podemos usar frases pré-definidas para aparentar algo que não somos. Devemos aprender com Yaakov, que apesar de tudo falou tudo ao Eterno.

Sejamos sinceros e oremos a HaShem, para que nos ajude na nossa debilidade, como lemos em Romanos 8:26:


Do mesmo modo também o Espírito nos ajuda na fraqueza; porque não sabemos orar como deveríamos, mas o Espírito mesmo intercede por nós com gemidos inexprimíveis.”


Vemos também em 2 Coríntios 12:10:


“Pelo que sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias por amor do Messias. Porque quando estou fraco, então é que sou forte”.


Na nossa debilidade está a força, porque nela desenvolvemos uma relação de dependência e de confiança no Todo-Poderoso. O Eterno colocara Yaakov numa situação de crise; atrás dele estava Labão, e diante dele estava a promessa de vingança de seu irmão Esaú. A única esperança de Yaakov era unir-se ainda mais ao Eterno, que o poderia ajudar a passar a prova, como está escrito em 1 Coríntios 10:13:


Não vos sobreveio nenhuma tentação, senão humana; mas fiel é Elohim, o qual não deixará que sejais tentados acima do que podeis resistir, antes com a tentação dará também o meio de saída, para que a possais suportar.”


Com tudo isso, devemos entender, que em situações difíceis a primeira atitude deve ser a de colocar tudo nas mãos de HaShem em oração e confiança, antes de fazer qualquer outra coisa. Devemos agir sim, mas depois de ter primeiro orado a D'us.

Repare no que um conhecido comentarista da Torá chamado Rashi diz a respeito dessa situação mencionada acima: "Yaacov preparou-se para três coisas: 1) Oferecer presentes;

2) Pedir proteção a Deus; e

3) Combater, se isso tornasse necessário.

Os homens, mesmo os justos, não devem esperar com os braços cruzados o apoio de D’us, escreve o Zôhar: Quando agem na terra, agem também no céu. "E Deus disse a Moisés: Por que clamas a mim? Fala aos filhos de Israel que se movam!" (Ex. 14.19). A mesma coisa deu-se com Josué: "E disse Deus a Josué: Levanta-se! Porque estás assim prostrado com o rosto em terra? (Procura saber o que aconteceu!) Israel pecou e também tomaram do anátema", etc. (Josué 7.10). Daí surgiu o conhecido provérbio: "Ajuda-te, e Deus te ajudará!"

Enviar presentes a seu irmão foi uma estratégia que Yaacov concebeu na tentativa de preservar a vida do seu povo e sua própria vida. Se retornamos ao v. 12, na oração dele vemos a preocupação. Repare nos termos "mãe com filhos", que em hebraico é "EM AL BANYM", significando literalmente "mãe sobre filhos" ou "mãe como construção", observe que uma mãe geralmente cobre os seus filhos para protegê-los do perigo, lembremos que Yeshua fez menção a algo parecido com isso em Mt 23.37, veja:


"Jerusalém, Jerusalém, você, que mata os profetas e apedreja os que lhe são enviados! Quantas vezes eu quis reunir os seus filhos, como a galinha reúne os seus pintinhos debaixo das suas asas, mas vocês não quiseram."


O patriarca envia os presentes separados um à frente do outro, de forma que quando Esav se aproximasse, encontraria um servo de Yaacov com presentes, após ele mais um, e assim por diante, sendo que ele estará no final da comitiva. E da mesma forma organizou as servas e seus filhos, Lea e os filhos e por último Raquel e José (Gn 33.1-3).

Antes disso, porém, naquela madrugada, Yaacov faz passar ao outro lado do val as suas mulheres e filhos, mas ele fica para trás e se encontra com um homem com o qual luta durante toda a noite. Há uma discussão se essa luta foi real ou se é uma mera interpretação da palavra "vaieavec - cuja raiz pode ser: levantar poeira, caminhar junto". Com isso a Torá estaria nos ensinando que nas situações diversas em nossas vidas, independente das nossas decisões é preciso andar ou permanecer ao lado de Adonai. Aquele homem que em algumas traduções vem como anjo, era uma representação de Elohim, do poder e autoridade de D’us, que vem representado através de um mensageiro, que em hebraico é malach, geralmente traduzido como anjo, mas significa mensageiro.

Alguns grupos dizem ser esse mensageiro, o mashiach, a palavra, antes de sua encarnação. Mas o correto porém, é entendermos que esse malach (mensageiro, anjo) apontava profeticamente, para a autoridade que o messias receberia do Eterno para exercer a atividade de liderança e benção sobre o povo. E vemos isso, quando Yaakov questiona sobre seu nome e quando ele troca o nome de Yaacov para Israel - Yshrael, ou seja, literalmente, Ysh - homem, ra - caminhar ou lutar e El - partícula designadora de divindade, D’us. Ou seja, Yaakov estava lutando ou caminhando com um ser que trazia a autoridade de HaShem, assim como no futuro, o rei messias também e cabalmente terá.

O aprendizado prático que podemos tirar dessa parashá é que durante nossa caminhada nesse mundo enfrentamos diversos tipos de lutas. A forma como as enfrentaremos definirá nossas vitórias ou derrotas. As decisões que tomamos em cada situação pode nos levar para mais perto de Adonai e da vontade dele sendo cumprida em nossa vida. Devemos entender que, como servos do Eterno, nossa atitude prioritária deve ser buscar a vontade de Deus, e a exemplo de Yaacov, precisamos orar antes de tomar qualquer decisão, por mais difícil que a situação possa se mostrar. E se assim fizermos, a presença de Adonai estará conosco para nos ajudar.

Bibliografia:


- Torá – Lei de Moisés. Editora Sefer

- Bíblia Judaica Completa, Editora Vida.

- http://shaareishalom.net.br/parasha-vayishlach-resumo-da-parashat/

- http://www.hebraico.pro.br/r/biblia/

- http://emunah-fe-dos-santos.weebly.com/uploads/1/4/2/3/14238883/08-_vayishlach_e_enviou.pdf

- https://www.beitchabad.org.br/library/article_cdo/aid/2015424/jewish/Meu-irmo.htm

- http://hebraico.top/biblia-hebraica-online-transliterada/

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