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quinta-feira, 27 de janeiro de 2022

Estudo da Parashá Vaiêtse (E partiu)

 

Estudos da Torá


Parashá nº 7 – Vaiêtse (E partiu)

Bereshit/Gênesis Gn. 28:10-32:2

Haftará (separação) Os 11:7-14:9 e B’rit Hadashah (nova aliança) Mt 12:1-50



1 - INTRODUÇÃO

A parashá Vayetsê começa com Yaacov fugindo de Esav e deixando a casa dos pais para viajar a Haran, onde seu tio Lavan (Labão) habita. Ao passar a noite no local onde no futuro seria construído o Templo Sagrado, D'us aparece a Yaacov no sonho de uma escada que descia do céu até a terra, na qual anjos sobiam e desciam. Do topo da escada, D'us promete a Yaacov que seus descendentes herdarão a Terra de Israel.

Na sua chegada em Haran, após rolar uma imensa pedra da boca do poço da cidade para que os pastores do lugar pudessem dar água aos rebanhos, Yaacov encontra a filha de Lavan, Rachel, e concorda em trabalhar para seu pai por sete anos a fim de conseguir sua mão em casamento. Porém, quando finalmente chega a noite do casamento, Lavan engana Yaacov, substituindo Rachel pela sua filha mais velha, Lea. Após esperar uma semana, Yaacov casa-se também com Rachel, mas não antes de ser forçado a prometer cumprir mais sete anos de trabalho.

No tempo que se segue Rachel percebe que é estéril, enquanto os anos passam, Lea dá à luz a seis filhos e uma filha, e Bilá e Zilpá (as criadas de Rachel e Lea, respectivamente) cada uma tem dois filhos de Yaacov.

Até que, o Eterno a abençoa e finalmente Rachel tem um filho, Yossef. Yaacov torna-se muito rico durante sua estadia com Lavan, amealhando um grande rebanho, mesmo enquanto Lavan continuamente tenta enganá-lo por todos os vinte anos de sua permanência.

Depois de aconselhar-se com suas esposas, Yaacov e a família fogem de Lavan, que o persegue e o enfrenta, aborrecido por Yaacov ter ido embora sem se despedir, e arrogantemente afirma que Yaacov roubou seus ídolos. Após Lavan procurar os ídolos (que Rachel escondeu, sem que Yaacov soubesse, para impedir o pai de adorá-los), sem sucesso, discute com Yaacov. Finalmente assinam um acordo, prometendo permanecer em paz, e a porção se encerra quando eles se separam.

Vemos assim, que esta porção da Torá descreve o início da peregrinação de Yaacov (Yaakov) de Bersheva (Berseba) até Harã, enquanto fugia de Eshav (Esaú), após ter tomado a benção da primogenitura que lhe pertencia, e por isso a parashá recebe o nome “e partiu”. Vejamos o que HaShem preparou para nós, por meio da vida de mais esse patriarca, e quantas lições podemos aprender a fim de viver a vontade do Eterno.


2 – ESTUDO DAS PALAVRAS

O primeiro verso dessa porção (10) diz:


E partiu, pois, Yaakov de Beer-Sheba e se foi em direção a Haran (Harã)”.


De acordo com o Midrash (Ialcut 117), essas palavras parecem ser supérfluas, já que Yaakov estava até então em Berseba, e bastaria a Torá dizer: “Yaakov foi para Charan”. No entanto, o sentido da frase é que Ele foi obrigado a abandonar seu país e se exilar. Tudo o que Yaakov sofreria seria por causa de seu aborrecimento com seu irmão Esaú. O comentário da Torá nos faz lembrar que esse tipo de coisa também acontece hoje entre os homens civilizados que perseguem seus irmãos em humanidade e seus semelhantes diante de D’us, em lugar de conviver em harmonia e compreensão com todos os membros da sociedade humana, gozando dos mesmos direitos em justiça e igualdade.

Mesmo com a partida de Yaakov, o Eterno estava no controle de toda a sua história, por isso, a Torá nos mostra sua partida. Os sábios de Israel ensinam que quando um “tsadik” (homem justo) sai da cidade, com ele saem o brilho, a glória e o ornamento desta; por isso foi necessário dizer: “E partiu Yaakov de Berseba”.

Abraão e Isaac também foram peregrinos e viveram em outras terras, mas foi Yaakov o 1º a fazer isso como um fugitivo, e fez isso por duas vezes. A primeira vez indo para Harã e a segunda de Harã voltando para Berseba, enquanto fugia de seu tio e sogro Labão.

Podemos também ver de forma profética esta saída de Yaakov, pois aponta para as três diásporas que os seus filhos viveriam no futuro. Uma diáspora sofreria o reino do norte (Efraim ou casa de Israel) e duas diásporas o reino do sul (Judá ou casa de Judá).

Note que a primeira diáspora é a maior, e corresponde às dez tribos de Israel, também conhecida como Casa de Israel, que começou no ano 722 AEC (Antes da Era Comum) com a invasão da Assíria. Essa diáspora dura até os dias de hoje, pois há um remanescente espalhado pelas nações que mesmo sem saber descendem de Israel. No entanto, os profetas falam da reunificação, nos últimos tempos, das duas casas, a de Israel e a de Judá, as duas varas voltarão a ser uma. (Ezequiel 37:15-28; Isaías 11:12; Jeremias 3:18; 16:14-16; 23:5-8; 30:3; 31:27-36; Óseias 1:11; 11:8- 11; Zacarias 8:13, 23; 10:8-12).

Já a casa de Judá, isto é, o povo judeu, passou por dois desterros ou diásporas. O da Babilônia, que durou setenta anos, entre os anos 606-537 AEC. E a segunda diáspora, começou no ano 70 EC (Era Comum), e conta-se desde a destruição do segundo templo pelos romanos. No entanto, como o serviço no templo não foi retomado, porque ainda não existe templo, alguns consideram que essa diáspora ainda não terminou, até porque ainda existem muitos judeus fora da terra de Israel.

Com isso, podemos confirmar que as descrições da Torá sobre a vida dos patriarcas e do povo de Israel não são meramente histórias, mas conforme já mencionamos em estudos anteriores, são profecias e assim podemos perceber que estas profecias estão se cumprindo, e se cumprirão.

Ainda sobre a saída de Yaakov, citada nesse verso 1, é importante que lembremos que esse patriarca não era um aventureiro áspero e duro como seu irmão Esav. Ele tinha uma personalidade mais tranquila desde o nascimento, preferindo sempre estar em casa em vez de no campo em caças ou em outros lugares em jogos. Sendo assim, devemos compreender que essa chamada para abandonar a sua casa para seguir a uma outra terra, a exemplo de seu pai Avraham, talvez tenha lhe causado muita ansiedade, talvez até duplamente, já que ele estava correndo para salvar sua vida, por insistência de sua mãe. No entanto, ele tinha acabado de receber de seu pai, Yitschac, uma extraordinária benção, que dizia entre outras coisas, o “orvalho dos céus e a riqueza da terra, uma abundância de grãos e vinho novo” com uma promessa de que nações o serviriam e se curvariam a ele. Assim, Yaakov partiu para Haran muito abençoado. Porém, no lugar de sua cama confortável ou uma pousada quente ao lado da estrada, ele passou sua primeira noite dormindo no chão frio, duro, sem qualquer tipo físico de abrigo e somente pedras para um travesseiro.

O site chabad.org registra um antigo midrash interessante sobre a saída de Yaakov para Haran, e ele trás um ensino muito bom, veja o que ele diz:


Yaacov havia recebido instruções de seus pais para viajar a Charan para a casa de Lavan em busca de uma esposa. Decidiu ir primeiro à yeshivá de Êver estudar Torá. Yaacov permaneceu na yeshivá durante catorze anos e estudou com tanto afinco que permanecia desperto toda a noite estudando.

Finalmente, Yaacov viajou para Charan. Tinha quase chegado a Charan, quando se lembrou de um assunto importante: "Passei pelo monte de Moriyá! Pela sagrada montanha onde meu avô Avraham amarrou meu pai, Yitschac, ao altar e onde ambos costumavam rezar. E não me detive ali! Perdi a grande oportunidade de rezar num local sagrado onde é mais fácil para uma pessoa orar com todo seu coração e onde D'us aceita prontamente suas preces." Yaacov não era preguiçoso. Decidiu, pois, fazer todo o longo percurso de volta para rezar sobre o monte de Moriyá. Como recompensa pelo seu esforço, D'us milagrosamente moveu o monte de Moriyá em direção a Yaacov, tornando-lhe mais curto o caminho.

Nossos Sábios Nos Contam: D'us Milagrosamente Encurta o Caminho

Como lemos na Parashá Chayê Sara, o servo de Avraham, Eliêzer, viajou para Charan em busca de uma esposa para Yitschac. Eliêzer chegou a Charan no mesmo dia em que partiu da Terra de Israel, apesar da viagem de Israel a Charan geralmente durar vários dias. D'us encurtou sua viagem para ajudá-lo a encontrar mais rápido uma esposa para Yitschac.

E, como acabamos de explicar, Yaacov viajou de volta ao monte de Moriyá e D'us ajudou-o a chegar lá rapidamente.

Por que D'us realiza um milagre encurtando o caminho? Porque o tsadic (justo) não se mostra preguiçoso e é o primeiro a empreender o esforço.

Um judeu deve esforçar-se em prol de um objetivo elevado - tornar-se grande no estudo de Torá e no cumprimento das mitsvot. O principal é se esforçar ao máximo. D'us vê quando uma pessoa se empenha seriamente e a ajuda a alcançar o seu propósito.


Ou seja, aprendemos com o midrash que, o servo do Eterno deve sempre se esforçar por agradar a HaShem, esse empenho gera a ajuda do Eterno para nos levar a alcançar o propósito.


E chegou a um lugar onde passou a noite, porque já o sol era posto; e tomou uma das pedras daquele lugar, e a pôs por seu travesseiro, e deitou-se naquele lugar E sonhou: e eis uma escada posta na terra, cujo topo tocava nos céus; e eis que os anjos de Elohim subiam e desciam por ela;” . Gn 28:11-12


Outra coisa que devemos prestar atenção ao estudar essa parashá, lendo esses versos, é o fato de Yaakov fazer essa parada inusitada em um local que aparentemente ele não sabia onde era (releia os versos e entenda), mas que, de acordo com o texto em hebraico, era um lugar especial. A Torá chama esse local de “o lugar”, em hebraico בַּמָּקוֹם BAMAKOM, veja o texto abaixo:


וַיִּפְגַּע בַּמָּקוֹם וַיָּלֶן שָׁם, כִּי-בָא הַשֶּׁמֶשׁ, וַיִּקַּח מֵאַבְנֵי הַמָּקוֹם, וַיָּשֶׂם מְרַאֲשֹׁתָיו; וַיִּשְׁכַּב, בַּמָּקוֹם הַהוּא

vaifega bamakom vayâlen sham ky va hashemesh vayqach meaveney hamakom vayasem meraashotayv vayshekav bamakom hahu


E se encontrou no lugar, e dormiu ali porque se havia posto o sol. E tomou das pedras do lugar e as pôs à sua cabeceira e deitou-se naquele lugar.


Lembre-se que agorinha mesmo, falamos sobre o midrash que conta que Yaakov voltou ao monte Moriá? E lembra também, que em estudos de parashiot anteriores eu mencionei sobre esse monte? O significado de seu nome? Vamos seguir em nosso estudo.

Aquele “lugar” era o mesmo lugar onde seu pai, Isaac havia estado com Abraão dezenas de anos antes, quando estava para ser sacrificado, possivelmente Yaakov havia escutado histórias sobre esse lugar, mas nunca tinha ido até ali. Aquele era o monte Moriá, “makon reê Yah”, que significa “lugar que se vê D’us”. Como já havia dito em outro estudo, a palavra Moriá é um acróstico, ou seja um grupo de palavras que formam uma palavra, veja a imagem abaixo.



As pedras que ele pega para lhe servir de cabeceira deveriam ser as mesmas pedras que seu Avô e seu pai haviam arrumado e colocado em ordem para servir de altar para o sacrifício. É por isso que a Torá detalha os gestos de Yaakov, em pegar as pedras que estavam no lugar, porque ela quer nos mostrar que aquele era um lugar especial. Os nossos irmãos judeus consideram aquele o lugar mais importante do universo.

Mas você sabe onde é esse makon, lugar? Sim, o monte onde a cidade de Jerusalém foi erguida e onde o templo foi construído é o mesmo lugar de todas essas histórias, justamente para nos demonstrar que D’us escolheu aquele lugar para se revelar e também para onde o Messias retornará para governar o mundo. Hoje, nele está uma mesquita muçulmana chamada de o “domo da rocha”, e tem esse nome exatamente por ser o mesmo lugar onde os patriarcas encontraram as rochas e a fizeram de altar. Embaixo da mesquita há um compartimento onde uma rocha está, é a rocha mencionada na Torá.

Como mencionamos anteriormente, o Eterno estava no controle da situação e da caminhada de Yaakov, tanto que gera as circunstâncias para que ele chegasse até aquele local, pois queria revelar-se a ele. E aquele era o local certo para isso, tanto que D’us mostra para Yaakov em um sonho, uma escada cuja base estava na terra e o seu topo estava no céu, e anjos desciam e subiam por ela, e D’us estava no topo. Dali HaShem fala com o patriarca e lhe faz as mesmas promessas que havia feito a Abraão e a Isaac.

O midrash nos diz que quando Yaacov chegou ao monte Moriyá, rezou naquele local, e quis partir após terminar a reza, pois o dia ainda estava claro, e poderia continuar viagem. Quando estava prestes a partir, a luz do sol desapareceu subitamente, envolvendo-o na escuridão, de maneira que não poderia seguir viagem. D'us queria revelar-se a Yaacov num sonho profético.

Para isso, fez com que o sol se pusesse mais cedo, a fim de detê-lo para pernoitar no monte de Moriyá. Yaacov, então preparou-se para dormir: como não tinha acomodações no monte de Moriyá, teria de passar a noite no campo. Juntou doze pedras e as colocou em torno de sua cabeça para afastar animais selvagens. Uma das pedras pôs sob a cabeça como travesseiro. Então adormeceu. (É um fato extraordinário que Yaacov adormeceu tendo o campo como cama, e uma pedra como travesseiro. Apesar dos perigos da jornada, Yaacov dormiu pacificamente, por causa de sua grande e inabalável fé em D'us. Sua devoção à D'us era tão profunda que sua precária situação não o perturbava.) Sem saber, Yaacov usara as doze pedras do altar construído por Avraham quando levou Yitschac para o monte de Moriyá. Enquanto Yaacov dormia, cada pedra pedia: "Quero que o tsadic Yaacov descanse sua cabeça sobre mim!" Milagrosamente, as pedras foram se aproximando para mais perto da cabeça de Yaacov de tal modo que se fundiram numa só pedra. Desta maneira, D'us deu a entender a Yaacov que seus doze filhos iriam, juntos, fundar uma nação sagrada, o povo de Israel.

Com isso, podemos ver que naquela noite, qualquer ansiedade que Yaakov tinha, deve ter fugido de seu espírito, quando o Eterno lhe apareceu em um sonho, no topo de uma escada que chegava aos céus, com anjos subindo e descendo, HaShem promete ao patriarca a mesma herança que deu a Avraham e a Yitschaq, ou seja, a terra a qual ele estava deitado, a terra de Israel.

Apesar de o texto da Torá não nos falar claramente que Yaakov orou antes de dormir, e apesar de que os midrashim afirmam que ele orou, podemos concluir que realmente o tenha feito, uma vez que aqueles que se achegam ao Eterno, e até nós mesmos elevamos nossas mentes ao Eterno ao nos deitar, e oramos, por mais singela que seja nossa oração ou tefilá. Esse é um bom momento para falarmos um pouco sobre oração.

As Escrituras estão recheadas de textos sobre esse tema, e nos ensinam que as nossas orações fazem com que o Eterno envie os seus malachim (mensageiros/anjos). Por exemplo, vemos no livro de Daniel, que diz:


Então me disse: Não temas, Daniel, porque desde o primeiro dia em que aplicaste o

teu coração a compreender e a humilhar-te perante o teu Elohim, são ouvidas as tuas

palavras; e eu vim por causa das tuas palavras.” Dn 10:12


Vemos que HaShem ouviu a oração daquele profeta e enviou um dos seus mensageiros para lhe dar uma resposta, e este anjo disse: “...eu vim por causa das tuas palavras.” Aprendemos que a atividade dos anjos de Elohim a nosso favor, dependem até certo ponto das nossas intenções e orações. Vejam outro texto:


E a fumaça do incenso subiu com as orações dos santos desde a mão do anjo até diante de Elohim”. Ap 8:4


De acordo com o estudo desta parashá no site Emunah a fé dos santos, este anjo estava encarregado de levar as orações dos Santos até Elohim. E segundo o entendimento deste site, isto nos mostra o porquê, na porção que estamos estudando, nesse sonho, dos anjos subirem e depois descerem, pois a oração de Yaakov tinha ativado os anjos desde a terra, e o Eterno dava-lhe a resposta desde os céus por intermédio dos anjos. Lembrem que semana passada dissemos que a mesma palavra para orar em hebraico é também para responder? O Eterno responde a oração que é feita ou a intenção do coração em obedecer as suas palavras. Ou seja, aprendemos que nossa kavanah (intenção) em obedecer e também nossas orações são ouvidas e no tempo certo atendidas, mas caso contrário, se não orarmos não seremos atendidos em tempo algum.

Devemos orar pelos que nos rodeiam, principalmente entes queridos e aqueles que ainda não estão no caminho da verdade, se não o fizermos estaremos adotando uma atitude passiva que terá influência direta na atividade divina sobre essas pessoas, e talvez ela não venham a receber a revelação da verdade em suas vidas. É nossa obrigação enquanto seguidores do messias Yeshua e servo de HaShem, sermos canal de bênção para as pessoas com nossas orações e com nossa prática diária de vida obediente.

Aquela escada que Yaakov viu, pode também apontar profeticamente para o messias, como vemos escrito em Jo 14:6: Disse-lhe Yeshua: Eu sou o caminho, a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim.” E também em 1Tm 2:5: “Porque há um só Elohim, e um só Mediador entre Elohim e os homens, o Messias Yeshua homem.” E ainda em Jo 1:51: “E disse-lhe: Na verdade, na verdade vos digo que daqui em diante vereis o céu aberto, e os anjos de Elohim subindo e descendo sobre o Filho do homem.”

Isto significa que o messias é a escada que Yaakov viu, e por meio dele temos acesso ao Pai e por meio dele as nossas orações chegam céu, como lemos em Jo 16:24:


Até agora vocês não pediram nada em meu nome. Peçam e receberão, para que a alegria de vocês seja completa.”


Assim como a escada tem vários degraus, nosso caminho de teshuvah também tem muitos níveis, e nas Escrituras podemos encontrar muitos exemplos destes diferentes níveis. O nosso processo de aprendizagem também é firmado nesse sistema, degrau a degrau, conforme Atos 15:21 e Hebreus 5:12-14.


E eis que o Eterno estava em cima dela, e disse: Eu sou o HaShem, o Elohim de Avraham teu pai, e o Elohim de Yitschaq: esta terra, em que estás deitado, ta darei a ti e à tua sementeGn 28.13.


Entendemos por esse verso, que esta passagem da Torá demonstra que a escritura divina para esta terra pertence a semente de Yaakov (Israel) e não a semente de seu irmão, Esaú, que é o antepassado de muitos do povo árabe, atualmente vivendo na terra. De acordo com site Shema Ysrael.com, é fácil ver que alguns destes descendentes de Esaú ainda odeiam o seu irmão Yaakov e procuram matar seus descendentes, ou seja, o povo judeu.

Quando Yaakov acordou de seu sonho cheio de temor, deliciando-se na presença do único e verdadeiro D’us, chamando o lugar de “Betel” ou “Beit-el” (casa de El), mais à frente falaremos mais sobre isso. E como já vimos anteriormente, ali é o lugar escolhido pelo Eterno para se revelar, tanto que mais tarde o templo e a própria cidade de Jerusalém foi construída ali. No entanto, sabemos que qualquer lugar pode se tornar uma “casa de D’us” quando sua santa presença está no local através das vidas de seus filhos.


E a tua descendência será como o pó da terra, e estender-se-á ao ocidente, e ao oriente, e ao norte, e ao sul, e em ti e na tua descendência serão benditas todas as famílias da terra;” Gn 28:14


Aqui, conforme já falamos, há uma referência à descendência de Yaakov, que iria ser uma bênção para todas as famílias da terra. Esta profecia tem sido cumprida gradualmente, nomeadamente nas invenções tecnológicas, e não só, desenvolvidas pelos israelitas e que os prêmios Nobel são apenas um reflexo.

A descendência de Yaakov é uma bênção para todo o mundo nesses momentos, além de ter entregado ao mundo a Torá e o Messias para a salvação do mundo. Por isso está escrito, na tua descendência/semente, como uma referência ao Messias.

Aqui aparece a mesma palavra que aparece no texto de Gênesis 12:3 , “benditas” que no texto hebraico a palavra correspondente é “venivrechu” , que pode ser entendido como “e serão enxertadas”. Ou seja, é uma referência a tantos quantos viriam a fazer parte do povo ou da descendência de Israel através do messias, sendo enxertados, conforme lemos o que o apóstolo Paulo (Shaul HaShaliach) disse:

Se alguns ramos foram cortados, e você, sendo oliveira brava, foi enxertado entre os outros e agora participa da siva que vem da rais da oliveira, não se glorie contra esses ramos. Se o fizer, saiba que não é você quem sustenta a raiz, mas a raiz a você.”


Os remanescentes e gentios que retornam para o Eterno, ao fazer teshuvah, são enxertados e assim usufruem da seiva, ou seja, as benção e promessas da oliveira que é Israel. E de acordo com o entendimento do texto, esses não podem se achar superiores aos ramos cortados, ou correm o risco de também serem cortados. O que nos mostra a necessidade de termo um coração humilde e voltado para a palavra de HaShem.


E eis que estou contigo, e te guardarei por onde quer que fores, e te farei tornar a esta terra: porque te não deixarei, até que te haja feito o que te tenho dito” Gn 28:15.


Os sábios do povo de Israel olham para este importante encontro desse patriarca com o Eterno como um despertar espiritual. Aqui ele assume o papel de seu avô Avraham, como antepassado espiritual de todos os que servem ao Eterno, avançando as promessas dadas aquele primeiro patriarca, não apenas para receber a terra, mas também para dar frutos e trazer a bênção de uma geração após geração e a todos os povos da terra. E com isso devemos entender que como participantes dessas promessas e do Reino, devemos também assumir o papel de povo escolhido para levar as bênçãos das instruções de HaShem para as pessoas.

Enquanto Avraham e Ytschaq tiveram seus próprios encontros muito pessoais com D’us, conforme já mencionamos, porém até este momento, Yaakov ainda não tinha tido. Mas tudo muda desse momento em diante na vida do patriarca. E o mesmo acontece conosco quando temos um verdadeiro encontro com o Eterno e sua palavra verdadeira. Assim como Yaakov nunca mais foi o mesmo a partir dali, nós também não somos.

De acordo com o site Shema Ysrael, ao aceitar o senhorio do Eterno ao longo de sua vida, Yaakov não estava esperando riquezas, antes ele firma uma aliança de viver conforme a vontade de HaShem. Quando honramos a presença real do Senhor em nossas vidas e reinvestimos os nossos recursos no seu trabalho através do cumprimento das mitsvot das moedim, de tsedaká e serviços em prol do próximo, reconhecemos que ele é Senhor sobre nossas vidas, que ele nos fornece proteção, alimento, roupa e abrigo e que só ele é digno de adoração e louvor o tempo todo, em todos os lugares.

Ainda nesse verso 15 do capítulo 28, sobre a promessa do Eterno de ser com Yaakov, observe que o complemento do texto nos diz mais detalhadamente como seria isso: “E eis que estou contigo, e te guardarei por onde quer que fores, e te farei tornar a esta terra; porque não te deixarei, até que haja cumprido o que te tenho falado” Gn 28:15.

O Senhor estaria presente na vida e nos caminhos de Yaakov para guardá-lo. A palavra aqui no hebraico é “shamar” e significa “guardar, cuidar, observar, prestar atenção”. A idéia da raiz é “exercer grande poder sobre”. Isso nos fala sobre a atitude do Eterno para com Yaakov, que seria de acompanhá-lo cuidadosamente em todos os seus caminhos, porém sempre exercendo poder sobre sua vida, deixando assim claro àqueles que estariam juntamente com ele, que a presença e a aprovação do Eterno estariam sempre presentes em sua vida. E isso seria tão claro e óbvio que Ele ainda o faria voltar àquela terra onde o Eterno lhe aparecera a fim de herdá-la perpetuamente! Yaakov tinha do Eterno aquilo que todo o homem gostaria de receber: uma palavra certa e segura de que Ele jamais o abandonaria! “...porque não te deixarei, até que haja cumprido o que te tenho falado...”. Claro que devemos entender que essa palavra estaria valendo enquanto o patriarca estivesse vivendo de acordo com a vontade do Eterno, pois sabemos que as bençãos acompanham aos que obedecem.

De acordo com o estudo da parashá do site Shema Ysrael.com, quando Yaakov acorda, ele percebe aquilo que lhe acontecera e faz uma declaração tremenda: “E temeu, e disse: Quão terrível é este lugar! Este não é outro lugar senão a casa de D-us; e esta é a porta dos céus” Gn 28:17.

Yaakov fala sobre o local como sendo “a casa de D’us”, conforme já mencionamos antes. Em hebraico é bayît, significa “casa, lar, local, templo”. Esta palavra é usada no sentido de “habitação”. E o nome do Eterno aqui é Elohim – o D’us Criador – que vem para reafirmar sua aliança com Yaakov. Note que o lugar onde o Eterno se manifestou não era um templo físico! O Eterno veio àquele lugar por causa de Yaakov. Não importava o que ali havia, mas sim quem ali estava! O Eterno não se importa com locais suntuosos e belos, mas sim com pessoas a quem Ele precisa sensibilizar e trazer novamente a sua presença sobre elas a fim de anunciar-lhes suas palavras!

Foi justamente por causa desta experiência que Yaakov deu o nome de Betel àquele lugar. “E chamou o nome daquele lugar Betel; o nome porém daquela cidade antes era Luz” Gn 28:19.

A palavra Betel é um composto de bayît + Elohim = bet El = Betel. Veja que os prefixos das palavras foram usados a fim de formar-se uma nova palavra com o mesmo significado: “Casa de D-us [Criador]”.

Aquele lugar onde Yaakov tivera seu encontro com o Eterno chamava-se outrora Luz . A palavra luz em hebraico significa “apartar-se, desviar-se”. Ela vem da raiz “lazut”, que significa afastamento, tortuosidade”. Isso condiz muito bem com a atual condição de Yaakov, pois estava vivendo um período tortuoso em sua vida, tanto que precisou fugir para garantir sua vida. Em Luz, Yaakov parece ter sua “parada” ideal, pois ele estaria se desviando dos propósitos do Eterno – se não houvesse uma intervenção do mesmo para mudar a situação. Isso nos mostra que quando chegamos à Luz, o Eterno então intervém em nossas vidas para mudar os rumos de nossa caminhada! Aqui já o Eterno mostrava a Yaakov que muito em breve sua atual condição seria mudada para um príncipe de D-us!

Essa situação de Yaakov é muito mal interpretada por muitas pessoas. Eles dizem que Yaakov era um enganador, um suplantador, mas isso não é verdade. Vimos no estudo passado que o Eterno já havia predito que o mais velho serviria ao mais novo. E vimos também que Esav não vivia uma vida de acordo com a Torá do Eterno. Ele vendeu seu direito de primogenitura por causa de uma ânsia de suprir a vontade de sua carne, e por isso perdeu a sua bênção, não foi Yaakov quem o enganou!

Apesar de tudo isso, Yaakov ouviu o que sua mãe o mandou fazer, e por isso sofreu a perseguição de seu irmão, precisando fugir, mas isso estava dentro dos planos de HaShem, para fazer surgir o povo da promessa. O entendimento correto das Escrituras nos faz ver as coisas com outros olhos, como por exemplo essa história de Yaakov ser enganador. Vemos pelo contexto correto que isso não é verdade, e que ele de fato vivia de forma justa apesar de ainda não ter tido a revelação do Eterno em sua vida. Ou seja, como falamos antes, ele ainda não conhecia o Eterno pessoalmente. E conhecer o Eterno não apenas de ouvir falar, faz toda a diferença na vida de alguém! Precisamos conhecer o Eterno por andar com ele. E agora, Yaakov iria viver isso na vida dele.

Que possamos entender e praticar o que aprendemos nesse estudo!


Que o Eterno lhes abençoe!


Bibliografia:


- Torá – Lei de Moisés. Editora Sefer

- http://artigossar-el.blogspot.com/2015/03/7-parasha-vaietse-e-ele-partiu.html

- https://pt.chabad.org/library/article_cdo/aid/892418/jewish/Yaacov-Adormece-no-Monte-de-Moriy.htm

- https://pt.chabad.org/library/article_cdo/aid/771010/jewish/Resumo-da-Parash.htm

- http://www.hebraico.pro.br/r/biblia/

- https://shemaysrael.com/vayetze-iaaqov-aventura-na-fe/

- https://shemaysrael.com/parasha-vayetse-ele-sai/

- http://hebraico.top/biblia-hebraica-online-transliterada/

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